Mostrando postagens com marcador passado. Mostrar todas as postagens

0

Escurecimento

Posted on quinta-feira, janeiro 14, 2016

Foto: Bia
O final do dia é sempre mágico. Ele tem aquele sentimento, aquela coisa no ar, não importa a estação do ano.
Hoje, especialmente, pensei nisso por causa das cores do céu. Ele faz aquela bonita transição entre o azul anil e o laranja mais doce que existe na paleta de cores. Entre as duas cores, uma infinidade de tonalidades que faz o céu tomar a aparência da imensidão que de fato tem.
Também tem a brisa. Hoje, ela é quase um vento, que sopra derrubando as roupas do varal, fazendo vestidos levantarem de forma inconveniente, cabelos ficarem bagunçados. Se você estiver na rua em um dia como hoje, também pode perder algum dinheiro ou documento importante que tenha na mão.
Mas a brisa... ela também desperta esse sentimento. Ainda combinado com o silêncio de um mundo que se recolhe e com o voo dos pássaros que coletam o último alimento antes de irem para o ninho, esse conjunto faz acreditar que todas as histórias que já ouvimos sobre magia, seres místicos e sobrenaturais, pareçam absurdamente reais.
As árvores balançam com o vento. Se eu filmar, pode parecer absolutamente normal. Na verdade, acho que o movimento das folhas até mesmo deixaria de ser tão interessante. Mas se eu apenas observar, bem intensamente, sentir aquela brisa, deixar a luz daquele pôr do sol refletir em meu olhar e ouvir o silêncio ainda incompleto, sei que encontro tudo aquilo que minha imaginação permite.
Deixando o tempo passar com essa sensação, quando a noite cair, eu vou sentir outras coisas. Vou olhar para o céu, imaginar como é interessante que eu possa enxergar tantas estrelas e como devem ser cativantes as formas de vida que nelas existem - ainda que, talvez, eu não possa compreendê-las.
Depois, vou voltar meus olhos para o chão novamente. Inevitavelmente, com o farfalhar das folhas, vou olhar para as árvores escuras. Por um momento, vou pensar em como devem haver coisas que eu não conheço por lá. Vou pensar nos seres mágicos que vivem na floresta, escondendo suas vidas peculiares de nós, seres humanos.
Mas, no final, quando alguém me chamar para a janta ou eu lembrar que tenho uma prova no outro dia pela manhã, que tenho aquela conta para pagar ou que ainda não escolhi uma profissão, eu vou lembrar de onde estou. Vou recordar que vivo num mundo que fecha os olhos para a magia, que tenta ser prático e racional. Um mundo em que pouco importam os sentimentos, mas sim o dinheiro, o que você produz com seu tempo, aquilo que você conseguiu conquistar com seu suor.
Vou lembrar de como eu costumava ignorar tudo isso, pensar apenas em como o mundo é mágico, por si só. Que, assim como o pôr do sol foi substituído por uma noite escura, minha imaginação, com os anos, vai sendo encoberta por uma escuridão pragmática e preocupada. Que eu só queria voltar a acreditar em tudo que me faz bem, sentir esse vento, ver o dia terminando, acompanhar o voo dos pássaros e imaginar tudo aquilo que a magia do mundo poderia me reservar.

0

Tratando de: Conservadorismo das Pautas Ligadas a Costumes

Posted on quarta-feira, agosto 27, 2014

É chatinho ver na Folha de São Paulo:

" Em sua coluna desta segunda- feira (25), Gregorio Duvivier levantou um tema de grande relevância a respeito dos embates eleitorais brasileiros, a saber, o conservadorismo das pautas ligadas a costumes. A seguir as declarações ou o silêncio covarde da maioria de nossos políticos, tem- se a impressão de habitarmos o século 19. "

Esse comentário sobre o que o Duvivier falou é suficiente para que nos poupemos o trabalho de ler o próprio e fazer as observações a seguir.

Não só estamos realmente atrasados na política - o que acho, na verdade, é que nem estamos tanto, pois da forma como foi colocado faz parecer que alguém evoluiu em algum lugar com o passar do tempo. Será que isso aconteceu? - como estamos muito atrasados em notar e tratar de certas coisas. O que foi dito na Folha de São Paulo já foi tratado muito antes, por Orwell (que só estou tomando como exemplo porque é de meu conhecimento), por exemplo, que eu mesmo li e de certa forma compartilho de algumas de suas opiniões.

O que quero dizer, e vou elaborar um pouco mais isso, é só o seguinte: É só agora que tu vem me falar disso ou o pessoal vem repetindo essas coisas há anos?

O que ele levantou é, realmente, um tema de relevância na política quando está acontecendo. Era um tema de relevância quando Orwell levantou há uns 70 anos.

Mas nada mudou desde então?

As opções devem as seguintes:
* O Reino Unido "evoluiu" antes.
* Nada disso faz sentido e é mera coincidência.
* As coisas nem mudaram na política.
* O pessoal que trabalha com o papel e as letras que vão nele recicla muito ideias e opiniões. Sendo que a ideia pode tranquilamente nem ter sido do Orwell.

As engrenagens que giram na minha cabeça e pesam pra lá e pra cá me fazem ter entre essas opções, muito mais crença nas duas últimas.



OBS: 1) Pra quem, como eu, é meio desconfiado e quer ir atrás, há varios ensaios do Orwell que tratam mais ou menos disso que eu mencionei. Como "Politics and the English Language" (que é fácil de encontrar por aí).
2) Apesar de coisas mais completas serem mais creditáveis e louváveis  etc e tal, dá mais trabalho então venho só falar um pouquinho e ficar com vontade de elaborar mais.

2

As origens do "Sou Foda"

Posted on sábado, abril 26, 2014

Uma genialidade como aquela não pode ter surgido assim aleatŕoriamente, do nada. O videoclipe do Sou Foda, que suponho que todos os leitores conheçam (PARTE SINCERA: eu não vou colocar aquele vídeo aqui, se não conheces, ótimo. Não vá atrás e não leve a sério todo esse post) certamente deve ter um background cultural por trás. E, de fato, tem. Obviamente as influências do Funk Carioca etc. Mas um detalhe que percebi por esses dias sobre o visual do clipe e a dança também é que ambas essas características foram fortemente influenciadas pelas músicas da época em que suponho que o autor estava nascendo, o Pop/Hiphop dos anos 90:






Note a escrotidão desse clipe hahaha. Percebemos logo nos primeiros segundos, a moça ali vestida de Mortal Kombat com pochete, as palavras que são ditas piscando no fundo e, principalmente, a dança do rapaz que é claramente um precursor e forte influência para o sucesso carioca de 2010.