Comoção com o uso de animais em pesquisas: mais que uma questão sentimental
Posted on segunda-feira, novembro 11, 2013
Fonte: http://goo.gl/NJqlrV |
Geralmente, quando a mídia divulga amplamente
um fato polêmico ocorrido em algum lugar distante no país, há uma comoção
popular acerca do tema. Consequentemente, muitas pessoas surgem expondo os mais
diversos pontos de vista. Não foi diferente com o caso da invasão de um
laboratório em que eram realizados testes em animais, no interior de São Paulo.
O uso de animais em pesquisas
científicas é motivo de questionamentos éticos, ao que se tem notícia, desde o
século XIX. Apesar disso, desde que se descobriu a possibilidade de o homem
dominar os animais (neste caso, por meios tecnocientíficos), esses seres são
usados para os mais diversos fins e das mais diversas formas, muitas vezes
cruéis e pautadas pela ideia de antropocentrismo, trazida, até mesmo, pela
Bíblia, quando diz em Gênesis 1:28 “E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e
multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do
mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra”.
Mas,
então, se em tanto tempo o uso de animais não passou de um questionamento
ético, com âmbito de aplicação fundamentalmente teórico, por que agora se
resolve agir em defesa de alguns animais? Na verdade, existem ONG’s que lutam
pela “humanização” do tratamento dos animais há bastante tempo. O que se
verifica, entretanto, é que após séculos de testes com animais e da matança
indiscriminada de bois, galinhas e porcos, o ser humano nunca esteve tão ligado
aos animais que domestica como está hoje. Portanto, verifica-se que há, de
fato, um sentimentalismo diretamente ligado a ações como a dos invasores do
Instituto Royal (aquele do interior de São Paulo, mencionado anteriormente).
Porém,
não se pode afirmar que tais ações derivam unicamente de um sentimentalismo,
sem ponderações éticas e morais. Essas considerações são as que vêm
transformando o Direito (que não é imutável, vale lembrar) em algo mais próximo
da realidade atual, que supra os anseios da população e que contribua para o
desenvolvimento saudável de uma nação. Assim, pode-se considerar que os
invasores do instituto de pesquisas foram, inicialmente, motivados por questões
sentimentais; uma opinião que, posteriormente, foi fomentada por uma visão
ética fundamentada; e que, ao ser manifestada, pode contribuir de forma
positiva na modificação ou criação de direitos – nesse caso, dos animais.
Portanto,
o sentimentalismo – ruim por considerar alguns animais melhores ou mais
importantes que outros – não deve ser visto como o único combustível de um ato
tão brutal quanto a destruição de um instituto de pesquisa. Certamente muitos
ativistas foram motivados pela pena que sentiam dos pobres cães da raça Beagle
(que foram resgatados do Royal). Porém, geralmente esses movimentos são
organizados por ONG’s que possuem um trabalho maior, pautado pela ética e pela
igualdade de todos os seres, e não buscam apenas a atribuição de direitos a
animais como os cães, mas também a todos os outros animais testados em
laboratório, como ratos, coelhos e répteis (usados para fins didáticos).
(Texto escrito no dia 7 de novembro de 2013, como atividade de uma disciplina da faculdade)
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